No ano de 2008 os vampiros estavam em alta na
Literatura Mundial, e no Brasil não foi diferente. Naquele ano as livrarias e
editoras foram invadidas por títulos estrangeiros, tendo como protagonistas os
fascinantes sugadores de sangue. E foi em meio a esse cenário que a Giz
Editorial levaria ao publico um livro que viria a se tornar um marco nas
histórias de vampiros brasileiras. Chegava ao publico “AMOR VAMPIRO”, uma
coletânea composta de dez contos, envolvendo os dois “Temas”: Amor e Vampiro. E
o mais fantástico é que todos os escritores eram brasileiros, ícones daquele
tipo de literatura, mas ainda desconhecidos do grande público. O que deveria
ser apenas mais um livro nacional, a ser esquecido num prateleira, no fundo das
livrarias, acabou por se tornar um fenômeno de vendas.
Com habilidade, capricho e competência, a Giz Editorial reuniu os, então, sete principais autores brasileiros de terror ― André Viando, Martha Argel, Giulia Moon, Nelson Magrini, Adriano Siqueira e J. Modesto ― em uma obra onde tudo funciona; diagramação, biografias, ilustrações, layout, isso sem falar da belíssima capa, que até hoje tira elogios das fãs, transformam o livro numa “obra de arte”
Cada conto, ao seu estilo, retrata como o
vampiro “vê” e “sente” o amor. Não pense que irá encontrar nas suas páginas
vampiros adolescentes, fragilizados emocionalmente, e que brilham a luz do sol.
Os vampiros dessa obra são clássicos, mas serem ultrapassados, violentos,
sensuais e predadores. Não é uma leitura para um publico infanto-juvenil, mas
sim para adultos, na concepção da palavra.
E é dos ícones que faz parte dessa coletânea com
quem iremos trocar algumas palavras e tentar levar um pouquinho de informação.
Entrevistaremos aqui o escritor J. Modesto.
– Antes de qualquer coisa, gostaríamos de agradecer a você por nos conceder esta entrevista, J. Modesto!
JM
– Eu que agradeço a oportunidade de participar!
JM
– Um paulistano, apaixonado por livros, revistas e, principalmente Gibis e
Cinema.
JM
– No inicio não tinha pretensão nenhuma em me tornar escritor. Comecei a
escrever devido à necessidade que sentia em extrapolar a minha condição de
leitor voraz. Na época escrevi muitos contos e noveletas, mostrando a poucas
pessoas da família, pois tinha receio da reação dos outros. Era uma coisa
apenas para satisfazer a mim mesmo. Era apenas um hobby. Certo dia, uma amiga
do trabalho – Malú – me contou que gostava de escrever poesias, e acabei
contando que também escrevia. Depois de mito insistir, acabei cedendo e
deixando que ela lesse um de mais escritos. Então essa amiga acabou me
incentivando para que tentasse publicar, e ai está. O hobby acabou se tornando
algo mais profissional, e hoje estou indo para o meu quinto romance solo, sem
contar as diversas participações em coletâneas de contos.
D
– TREVAS foi o seu primeiro título, certo? Do que se trata?
JM
– Sim, TREVAS foi meu primeiro livro publicado e até hoje é a obra, de minha
autoria, de maior vendagem. Posso dizer que “TREVAS” traz um pouquinho de
minhas experiências literárias, aquelas que transformaram o leitor em autor, da
época. Ela apresenta um pouco de tudo, influencia da literatura policial,
decorrente da minha fase “Agatha Christie”, da Fase de Gibis, principalmente
Marvel/DC, da minha formação religiosa, na época cristã, e da paixão pelo gênero
Terror, que se enraizou depois que assisti ao “Exorcista”.
JM
– Não gosto dessa rotulação. Isso não é verdade. As circunstancias do mercado
editorial da época em que comecei a publicar, e as oportunidades que surgiram,
talvez tinham levado a se pensar assim. “TREVAS” originalmente não tinha
vampiros, era um livro de demônio, mas como os sanguessugas estavam em alta, o
personagem acabou sendo incorporado na história. Logo depois veio a publicação
de “AMOR VAMPIRO”, o que deve ter contribuído ainda mais para o rótulo de “escritor
de vampiros”, mas minhas outras obras, exceção feita a “Vampiro de Schopenhauer”,
em que resgato o personagem de “TREVAS” e o coloco num embate filosófico com
Arthur Schopenhauer, não têm nada a ver com vampiros. Uma trata do folclore
indígena brasileiro e outro de uma Lenda Urbana. Prefiro dizer que sou “um
escritor de terror”.
D – Como foi participar da coletânea “AMOR VAMPIRO”?
JM
– Muito bom! O que poucas pessoas sabem
é que na verdade a coletânea nasceu numa conversa informal entre Ednei Proópio,
meu editor, eu, Martha Argel e Giulia Moom, num evento de fãs de Harry Potter,
no bairro da Liberdade, em São Paulo. O Ednei comprou a ideia e o projeto foi
pra frente. Posteriormente juntaram-se a nós Nelson Magrini e Adriano Siqueira.
André Vianco foi convidado para fazer o prefácio da obra, mas quando tomou
conhecimento de quem iria participar, decidiu juntar-se ao grupo, o que ajudou
muito no sucesso do livro, e o publico descobriu que existiam outros autores de
terror no Brasil.
D
– Alguns dizem que seus contos são ótimos, as vezes superando até seus
romances, como o conto “O ANJO E A VAMPIRA”, mas você njá disse em algumas entrevista
que não gosta muito de escrever contos, isso é verdade?
JM
– Não é que não goste de escrever contos; achou que fui mal interpretado. Na
verdade, o que acontece é que tenho muito mais dificuldades em escrever narrativas
curtas, pois gosto de desenvolver minhas cenas com mais calma, ambientando o
leitor para que ele se sinta dentro da história, como se aquilo estivesse
acontecendo com ele, o que é bem mais difícil numa narrativa extremamente
enxuta. Prefiro contos de 300 páginas! (risos)
D
– Vamos falar um pouco de “AS MÃOS DE JACÓ”, que você publicou com a gente, e
faz parte da coleção “HISTÓRIAS SOMBRIAS”.Como o conto veio parar na editora e
do que ele trata?
JM
– O Hoffmann, editor da Dragonfly, é um amigo de longa data e, em 2013, quando
decidiu fundar a editora, junto com outro amigo e mais alguns sócios, pediu-me
uma história para publicar, assim que a Dragonfly iniciasse efetivamente suas
atividades. Na época não possuía nada mais do que três contos inéditos, e
acabei apresentando-os a ele. De imediato o Hoffmann se apaixonou por “As Mãos
de Jacó”, que tem como tema principal o fetiche do protagonista Jacó por mãos,
e tudo que ele é capaz de fazer para satisfazer essa necessidade bizarra.
Assinamos um contrato de publicação e esqueci-me do conto, até que no ano
passado, a editora iniciou suas atividades e o e-book chegou ao publico.
JM
– São muitos. As sementes estão plantadas e regamos todos os dias. Agora é só
aguardar germinarem. O novo livro solo – o quinto – já está no forno, e a
LIVRUS tem previsão de lançamento para este ano, alem de já ter lançado o
primeiro e-book, da coleção “Contos de J. Modesto”, que reunirá títulos de
vários dos meus contos, publicados e inéditos, num total de 15. O primeiro título
é exatamente “O Anjo e a Vampira”, que já está disponível. O segundo volume,
que trará um conto inédito, já está em revisão, e deve ficar disponível até
Maio/Junho deste ano. Mas o mais importante é que tenho negociações em
andamento com uma produtora de cinema para levar uma de minhas obras para as
telonas.
D
– E em que fase está isso? Creio que ter um livro transformado em filme é o
sonho de todo escritor!
JM
– Certamente que é, e eu não sou diferente, pois ter uma obra sua filmada eleva
nossa carreira literária a outro patamar, mas produzir cinema no Brasil é difícil,
complicado e caro. As negociações são lentas, mas estão evoluindo. “O Anjo e a
Vampira tem grandes chances de ter um curta ou média metragem. O roteiro,
entregue no inicio do ano passado, foi aprovado pela produtora, mas ainda
passara por algumas modificações até chegar em sua versão final. Daí iniciará a
fase de pré produção, com busca de recursos e coisa e tal. O curta não deve
ficar pronto antes de 2018, pela previsão da produtora. Trevas deverá entrar
para um projeto de Animação, mas somente os personagens, mas isso dependera de
algumas parcerias que a produtora está tentando fazer. Como vê, persistência é
a alma do negócio.
D
– Obrigado por proporcionar aos leitores e colaboradores da Dragonfly a
oportunidade de conhecer um pouco mais sobre você e seu trabalho!
JM
– Eu é que agradeço! Um forte abraço a todos.
É
isso aí, pessoal, esperamos trazer mais entrevistas e novidades sobre nossos
autores e suas produções, independente da casa editorial em que se encontram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário